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quarta-feira, novembro 05, 2014

Da janela de seu quarto ela observava, paralisada, a luz do poste da rua, e percebia o quão insignificante era. Ela, ainda regozijando de seu momento tenro de êxtase pós coito, não se dava o luxo de tentar entender ou conciliar o porque aquela luz, aquela distância, aquele vazio a fascinava tanto. Só soube sentir. E sentia tanto muito quanto nada.
Podia ouvir as crianças brincando na rua, gargalhando felizes, mas sabia que aquele momento era só dela.
Ficou ali parada e pode ver os primeiros pingos de chuva caírem e serem descobertos pela luz do poste. Ela sentia, ainda mais intenso, fazer parte de cada segundo que a natureza e a vida se transformavam. A luz do poste de repente apagou... Sentiu seu coração doer como um amigo que parte. Eu juro, seus olhos marejaram e quase chorei com ela, pois a luz que se apagou não refletia tão bem em seus olhos como a lua que agora ela enxergava.
Uma leve, tão leve brisa tocou-lhe o rosto quase como um afago e ela sentiu-se novamente presa àquele momento. Abria os lábios, mexia-os tão lenta e delicadamente comos se fosse entoar uma poesia ou então uma canção pra lua, pro céu, pra brisa ou pra luz do poste que se foi repleta de segredos guardados daquele olhar.
Ela olhou para os lados como que buscando um caminho secreto pro seu próprio país das maravilhas, olhou para o céu se despedindo, fechou os olhos e ouviu o clique da maçaneta.

_Meu bem, terminei o banho e estou indo embora. Te ligo assim que puder.

Ele voltaria, ela sabia. Mas ela mesma já não tinha certeza de si, por onde andaria. Talvez fosse embora com a luz ou com a brisa. E deixou ir.
Fechou a janela. 2:37am. Teria menos de quatro horas de sono. O efeito do orgasmo passou.

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