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sexta-feira, agosto 05, 2016

O filho perdido

Quando eu escrevo algo sinto que tô mexendo na parte mais frágil de mim. Eu não penso muito, talvez por isso escrevo pouco. Sinto grande necessidade então escrevo. De dentro de mim vou retirando palavras dotadas de peso e sentimentos, vão se formando frases até que tenho um texto com meu dna. E se depois de feito o texto some, não me resta nada a não ser aceitar. A dor do texto perdido, tô sentindo agora. É como se você abrisse seu coração a um amigo e o retorno fosse uma carinha “:/” ou um “puxa… que triste…”
Eu não tenho em mim gravada nenhuma das palavras escritas. A partir do momento que saíram de mim, se não houver cópia imediata, eu não reconheço mais. Não sou capaz de repetir.
Até parece que com as palavras foram embora também os sentimentos. Quem sabe não é essa a terapia que eu tanto precisava? Escrever e destruir. Libertar.  Pfff. Desapego demais pra quem não aprendeu ainda a perder as coisas.
Ainda sei o que senti, só não sei reproduzir.
Deixa pra próxima, uma hora a dor e choro voltam.

quinta-feira, agosto 04, 2016

Beira do abismo

Me acostumei a mudar na segunda-feira.
Segunda era o dia, enfim, de mudar os hábitos, os pensamentos, e tudo que viesse a me incomodar.
Mas hoje é Quinta, e justamente hoje eu não aguento mais.
Se ao menos fosse Domingo...
Hoje eu quero desistir, hoje eu quero parar, hoje eu decretei o dia fatídico em que se eu não mudar, eu nem imagino o que restará de mim na Segunda. Eu resolvi relatar, pontuar, formalizar, textualizar e eternizar o momento em que eu fiquei saturada de mim e das minhas dores. Eu me sinto pequena demais pra tudo que tenho carregado. A minha dor não é maior que a sua, mas ela é minha.

O meu peso não suporta mais o peso da minha dor. A minha mente, não suporta mais o meu corpo, e vice-versa. To andando num caminho escuro, eu nem sei mais onde eu tô pisando.

Eu sinto a insanidade chegando lentamente, tomando lugar, arrumando as roupas no armário, deitando na minha cama, puxando, cada vez mais, um pouco mais, com mais força, todo o meu ser pra um lugar sem sinal, sem luz, sem saída, sem socorro, e pouco a pouco sem mim.
Preciso me encontrar. Preciso me esvaziar de todo esse peso. Eu ainda não sei como, tô procurando ajuda, tô procurando saída. Mas se tem um dia pra eu começar a mudar,
que seja hoje... Antes que eu me perca de mim e de vez.