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quarta-feira, outubro 24, 2012

Ana

Ana realmente não sabia o que fazer com aquele número de celular. Ela desejava ligar. Ela o desejava novamente. Jamais esquecerá a noite anterior.
A chuva caia terrivelmente forte. Ana acabara de sair do trabalho; Aguardava embaixo do toldo da loja de conveniências o momento milagroso em que um táxi parasse ali, vazio. Porém, sem muito sucesso, decidiu correr até o ponto de ônibus mais próximo, que não ficava tão próximo assim. Em sua maratona teve o desprazer de ser encharcada por um poça. Um cidadão descuidado passou há mil por hora de carro em cima da poça sem qualquer preocupação. Não sendo o bastante, Ana capotou junto a uma bicicleta, no qual um rapaz pilotava totalmente sem freio.
Ela estava distraída, xingando a pessoa do carro no momento do acidente.
No chão, arrependida de ter saído de casa, Ana fechou os olhos com cara de desistência da vida.
Seu dia não fora fácil. Mais cedo recebera um telefonema de Seu Francisco, o porteiro do seu prédio, dizendo-lhe que o rapaz que morava com ela há três meses fora embora de mala e cuia.
Ana não se importou muito. Além de já ter discutido com sua chefe no dia, aquele carinha não era lá do melhores. Nenhum era. Ana tinha problemas com relacionamentos.
O rapaz jogou a bicicleta para o lado e estendeu a mão para uma Ana irritada, desolada e lameada. Seu estado era deplorável. Porém, com toda sua educação e lamento pelo acontecido, o rapaz, ajudou-a e ofereceu-lhe companhia. Ana aceitou. Não tinha muito a perder. Quem sabe a chuva não tenha lhe trago algo de bom?!
Conversaram muito até chegarem ao apartamento. Ana o convidou para entrar e se secar, tomar um café, um chá, talvez. Após o banho, Bryan, o rapaz saiu com a toalha na cintura perguntando se ela teria alguma roupa seca para lhe emprestar. Ana, irônica, respondeu:
_Tenho. Claro! A do corpo, quer? - E apontou para as suas próprias vestes.
Bryan aproveitou o momento, a deixa e a visão dos seios de Ana, cheios e redondos, despontando em sua camisa branca de alças finas, e respondeu atrevidamente:
_Acontece que eu quero agora!
O pecado é algo desejável, o sentimento já estava nu, Bryan e Ana também, na cama, gemendo com o vento e com a chuva.
Logo cedo Bryan não estava mais na cama, mas no criado-mudo um bilhete com seu número de celular. O número de Ana ele não tinha. Estava em suas mãos, nas mãos de Ana. Ligar ou não ligar?

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