Dia de ressaca

Imagine nós dois, manhã de sábado, pós jantar, porre, sexo, ressaca. Imagine acordarmos entrelaçados, mãos dadas, pernas confusas, corações confortáveis. Pense numa manhã sem preocupações: só eu você e uma dor de cabeça mútua. Não teríamos absolutamente nada programado para o dia, o único desejo é ficar naquele sofá, que outrora gastamos quase o nosso salário para comprar. Nós disputaríamos no par ou ímpar quem faria o café, e eu, lógico, perderia - não sou boa em jogos de sorte, no meu caso, azar. Eu faria cara de piedade, diria que está tudo bem, mas você levantaria e faria o café no meu lugar. Tática antiga, sempre dá certo. Sábado de ressaca não é dia. Sábado de ressaca é dia perfeito. Almoçaríamos no restaurante do Seu Mário, quase na esquina, do lado da loja de tecidos da D. Felícia. Dia para a gente cuidar, dia de se amar mais. E de noite, depois das dores de cabeça aniquiladas pelo chá da D. Luíza, minha mãe, iríamos nós, andando pela viela, mãos dadas, aos tropeços, risadas que se ouviriam ao longe, taças de vinho vazias nas mãos e prontos para uma nova manhã de ressaca. Sábado perfeito. Seja bem vindo, Domingo.