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quarta-feira, março 11, 2015

A que ponto chegamos...

Perdi o ônibus na volta do trabalho. Peguei o Divisa Mangaratiba mais tarde hoje. (Imagino que o ser superior que rege esse mundo tenha um método muito eficaz de fazer os eventos da vida combinarem.) Naquele ônibus ninguém me conhecia, ou pelo menos eu penso que não. No MEU filme eram todos desconhecidos, suados e cansados, determinados a chegar em casa e ter tudo sob controle. No meu filme não tem trilha sonora, não nesse. Era só eu e os barulhos dentro de mim que eu precisava conter. Por que? "Se solta, garota. Deixa rolar." Não faça isso! Foi um longo dia de trabalho, ninguém quer ver uma menina beirando seus 20 anos abrindo a boca e chorando feito criança, olhando para os lados com cara de quem quer colo e um afago.

Por um momento a menina pálida de coque nos cabelos bagunçados quis parar o ônibus e contar a sua história. Mas que história? Existe uma? É só drama ou coisa qualquer. Um pouco disso e muito daquilo. Talvez o motorista se comovesse com o meu drama e chorasse também e começasse a falar sobre ele. Eu aposto que sua história seria digna daquela plateia.

Corta pro ônibus em movimento. A "viagem" dura 5 minutos. Meu filme não é um longa metragem, é um curta. Acho eu nem seria aplaudida. Desço do ônibus, ninguém notou a angustia que me acompanhava. Entro na minha rua. Nenhum vizinho me recebe com um boa noite. Chego em casa, minha mãe está na varanda e provavelmente vai me abraçar como faz todos os dias. Eu não dou tempo. Entro, tiro as minhas roupas e me desfaço debaixo do chuveiro.

Corta pra pseudo-escritora trancada no quarto enrolada na toalha úmida. É só uma crise. Só mais uma. Saio do quarto e vou em busca do melhor remédio, o abraço da minha mãe que ficou algumas linhas acima.

É só mais um começo. Um dia eu me acostumo.

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